lunes, 16 de enero de 2012

As Sete Profecias Maias: III - O aquecimento global

Dando sequência a análise das sete profecias maias segundo o site Profecías Mayas, a terceira fala do Aquecimento Global (a tradução é minha):
  
A terceira profecia maia diz que uma onda de calor aumentará a temperatura do planeta, produzindo mudanças climáticas, geológicas e sociais numa magnitude sem precedentes, e a uma velocidade assustadora, os maias dizem que o aumento da temperatura dar-se-a pela combinação de vários fatores, um deles gerados pelo homem que em sua falta de sincronismo com a natureza só pode produzir processos de auto destruição, outros fatores serão gerados pelo sol que ao acelerar sua atividade pelo aumento de sua vibração produz mais que radiação, aumentando a temperatura do planeta.
Quer dizer, segundo o texto acima, os maias preveram que em 2012 a futura civilização, desconhecida ainda por eles porque o homem europeu ainda não tinha aportado na América, iria a produzir uma desordem climática universal catastrófica, ajudado por uma atividade solar inédita, da qual os maias jamais mostraram conhecimento algum. 

Como já comentamos no primeiro post desta série (As Sete Profecias Maias: I - O aumento da atividade solar) a atividade solar está em clara diminução desde 1989 em diante.  Ou seja, esta parte da terceira profecia é incorreta.

No entanto a referência a um aumento da temperatura produzida pela atividade humana pareceria estar de acordo com as notícias que diariamente recebemos da mídia:  hoje em dia, a maior parte das catástrofes naturais, sejam tornados, inundações ou secas, são atribuidas ao Aquecimento Global ou, em sua forma mais generalizada ao Câmbio Global. O filme O dia depois de amanhã colocou frente à opinião pública de milhões de pessoas do mundo inteiro como seria  complexa essa trama que em algumas regiões traria um aumento de temperatura enquanto que em outras sucederia exatamente ao contrário. Ao mesmo tempo o Painel Intergovernamental para o Câmbio Climático, redige e divulga relatórios periodicamente baseados em estudos científicos alertando sobre os riscos do aumento da temperatura global, que poderiam fazer com que nos próximos 100 anos, se o ritmo não se alterar, centenas de milhões de pessoas devam abandonar suas casas por culpa do aumento no nível do mar, outros tantos morram por culpa de epidemias provocadas por um aumento da população de insetos, e outros mais morram de fome por culpa das estiagens prolongadas, etc... Um cenário apavorante.

Embora esta é a história oficial, eu tenho alguns problemas com a interpretação.   Num post anterior (Apocalipse 2009) já me expressei a respeito.  E tem mais,  a temperatura global não aumentou significativamente nos últimos 10 anos. Para ilustrá-lo apresento no gráfico abaixo, gerado por meio de aplicativo do site Wood for Trees,  a anomalia térmica (variação de temperatura respeito do valor normal) ao longo dos anos 1950 até 2010.  Os dados graficados na cor vermelha são produzidos pela NASA (gistemp) e em verde pela Universidade de East Anglia no Reino Unido (hardcrut).  Do gráfico percebe-se um aumento da temperatura entre 1950 e 2010 de aproximadamente 0,6°C. Como, segundo o IPCC, o aumento entre 1905 e 2005 foi de 0,74°C, segue que a maior parte aconteceu depois de 1970 e é atribuido à atividade humana.


No entanto, olhando detenidamente a figura, vemos que o aumento ocorreu entre 1970 e 2000 aproximadamente, depois a temperatura estabilizou.  Para corroborá-lo, graficamos abaixo o período 1990 a 2010 unicamente.

Observem que em 1998 houve um pico de temperatura que começa em 1996 que é seguido de varios anos de baixas, tendência que se se inverte em 2001.  A partir  desse ano há esporádicos máximos (2002, 2007) como mínimos (2005, 2008). A tendência, no entanto, não é clara. Ou melhor ainda, a tendência é a estabilidade. Esta estabilidade na temperatura média do planeta está preocupando aos climatólogistas porque não se enquadra no modelo de efeito estufa: no mesmo período as emissões de CO2, gás considerado responsável pelo incremento do efeito nas últimas décadas,  aumentou um 45% atingindo um nível recorde em 2010 segundo estudo divulgado pelo Centro Europeu Conjunto de Pesquisas  (JRC).

No que nos ocupa aqui, com un fenômeno La Niña muito forte, é muito improvável que 2012 mostre um aumento da temperatura global.  No haverá então nenhuma onda de calor.  É difícil saber o que virá nos próximos anos. Pode-se argumentar que se não acontecer em 2012, será em 2050 ou em 2100, como alerta o IPCC no último relatório, se medidas não são tomadas.  Mas, qual é valor preditivo de uma profecia esperada em 2012 que acontece em 2100?  

Esta é mais uma confirmação de que as supostas profecias maias, nada mais são que um telão onde projetamos nossos próprios temores.