sábado, 26 de mayo de 2012

A mais antiga tabela astronômica maia

As ruinas de Xultun, Guatemala,  foram descobertas em 1915, e embora começaram a ser estudadas arqueologicamente em 1920, ficaram abandonadas à depredação dos caçaadores de tesouros.  Foi por graça destes piratas que em 2010 decobriu-se a entrada a uma  abóbada rica em paredes ornamentadas com pinturas.  Umas semanas atrás os resultados preliminares da pesquisa apareceram publicados na revista Science: Ancient Maya Astronomical Tables from Xultun, Guatemala, de W. Saturno, D. Stuart, A. Aveni y F.Rossi (Science 336, 714, 2012). A abobada é datada  no período clássico maia. Em uma de suas paredes (a leste) podem ser vistos números maias, no formato de pontos e linhas. Apesar que o tempo apagou alguns hieróglifos, o grupo de arqueólogos, entre os quais se encontra Anthony Aveni, célebre investigador da cultura astronômica maia e autor do livro Observadores del cielo en el México antiguo (Ed. Fondo de Cultura Económico), acredita ser posível determinar sem muito erro algumas sequências formadas. Uma das conclusões do grupo de autores é que os números representam intervalos de dias, relacionados com lunações, de uma forma que lembra o Códice de Dresde escrito durante o período pos-clássico (pelo menos 500 anos depois destas pinturas). Em outra parede há quatro colunas de 5 números de pontos e linhas escritos verticalmente, cada coluna posui um tzol'kin de cabeçalho, embora estes não foram descifrados.  No entanto cada um dos números distribuidos verticamente  são legíveis e parecem formar datas da Contagem Longa. Eles são:

                          Maya                 Dias                    Anos
                      8.6.1.9.0     1.195.740     3273,8
           2.7.9.0.0       341.640      935,4
          17.0.1.3.0     2.448.420     6703,5
          12.5.3.3.0     1.765.140     4832,8   

Na primeira coluna da tabela aparecem  os números em sistema maia.  Lembramos que a Contagem Longa  consistia em contar os dias, utilizando uma base (quase) vigesimal (20) que, por uma razão desconhecida ainda, terminava no número 13.0.0.0.0 também chamado 13 bak'tuns e que, segundo alguns arqueólogos, vai acontecer no próximo 21 de dezembro de 2012.  A segunda coluna transforma o número maia a nosso sistema decimal mostrando o intervalo em dias.  E, por último, considerando nosso calendário gregoriano, a quarta coluna mostra o intervalo em anos. Como pode ser apreciado, são intervalos muito longos, de milhares de anos.  Os investigadores acreditam que não se trata de datas, mas de intervalos, periodos que deveriam ter relação com outros períodos.  No entanto, não foi encontrada relação alguma entre estes números e os pintados em outras paredes, e tampouco existem conexões claras com ciclos astronômicos (de Vênus e a Lua por exemplo) ou calendáricos  (o Ciclo do Calendário) conhecidos dos maias. A conclusão do artigo é que por sua semelhança com tabelas escritas no Códice de Drede, única evidência escrita dos conhecimentos astronômicos maias, estes se remontaríam a períodos anteriores ao pos-clássico.

Chama a atenção qua o terceiro algarismo corresponde a 17 bak'tuns, um número que ultrapassa a duração de uma Contagem Longa  em 570.420 dias ou 1578 anos (no Códice de Dresde também há números parecidos).  Se a Contagem Longa representa um ciclo do Mundo, um voltar a começar, qual é o sentido de um intervalo maior?  Poderiamos argumentar  que os maias não pensavam que o que aconteça no fim do calendário, será tão grave como para modificar as órbitas de Vênus, Mercúrio ou a Lua, e que seguirá havendo habitantes na Terra para contemplar as noites estreladas.

Maiormente, este descobrimento demonstra nossa ignorância  sobre o Calendário Maia e os conhecimentos astronômicos deste povo, que, e na minha humilde impressão, estão sobrevalorados. E reforça minha opinião que as profecias nada mais são que interpretações incoerentes de nossa sociedade.

No hay comentarios:

Publicar un comentario