miércoles, 4 de enero de 2012

As 7 Profecias Maias: I - O Aumento da atividade solar

No site www.profecias-mayas.com são relacionadas as 7 Profecias Maias (não achei um site similar em português).  Ali está escrito que os maias deixaram espalhadas suas profecias em diferentes monumentos, pedras e códices,  mesmo nos Chilam Balam, livros escritos depois da ocupação española a territorio maia, dos que falamos num post anterior.  No entanto o texto do site não diz por que são sete, nem refere com precisão de onde foram extraidas. 

A Primeira Profecia fala de um ciclo solar em sintonia com o jato galático. Textualmente traduzo parte do texto (acessado em 3 de janeiro de 2012)

Os Maias sabiam que nosso sol (eles o chamavam kinich-Ahau) é um ser vivo que respira e que cada determinado tempo sincroniza-se com o enorme organismo em que existe, que ao receber uma faisca de luz do centro da galáxia brilha mais intensamente, produzindo na superficie o que os nossos cientistas chaman de erupções solares e mudanças magnéticas, eles dizem que isto acontece a cada 5.125 anos, que a Terra  vê-se afetada pelas mudanças no Sol por causa de um deslocamento de seu eixo de rotação, e profetizaram que a partir desse movimento produziriam-se grandes cataclismos, para os maias os processos universais como a respiração da galáxia são cíclicos e nunca cambiam, o que muda é a conciência do homem que passa através deles, sempre num processo de aperfeiçoamento. Baseados em suas observações os Maias profetizaram que a partir da data de sua civilização desde o 4 Ahau 8 Cumku, quer dizer, desde o ano 3113 AC, 5.125 no futuro ou seja em 21 de dezembro do ano 2012, o Sol, quando receber um forte raio sincronizador proveniente do centro da galáxia, mudará sua polaridade e produzirá uma gigantesca chamarada radiante.
É interessante o texto porque faz referência a questões muito científicas, não apenas a temas simbólicos.  O Sol, diz esta profecia, sincroniza-se com a Galáxia (e aqui escrevo com maiúsculas porque trata-se da Vía Láctea) por meio de uma faisca e começa a produzir o que os cientistas chaman de erupções solares, mudanças magnéticas e um deslocamento do eixo de rotação terrestre. Esta sincronização acontece a cada 5.125 anos (os 13 baktunes da Contagem Longa maia).  

O Sol, efetivamente, padece de erupções e também  de fulgurações ou explosões. No entanto seu ciclo não é de 5.125 anos, mas de, aproximadamente, 11 anos.  A origem deste ciclo de atividade está em processos internos que em conjunto levan o nome de Dînamo Solar.  E mesmo com bastante imprecisão podemos calcular razoavelmente bem como evoluciona.  Eu diria que a sua predição melhora a cada década.  Consequência deste ciclo é a comutação do Campo Magnético solar, que inverte sua polaridade, ou seja, o Norte torna-se Sul e vice versa.  

E qual é a relação com a Vía Láctea?  Nenhuma.  Partindo do fato que a Vía Láctea no possui jato nenhum em seu centro como outros tipos de galáxia sim (as chamadas Galáxias de Núcleo Ativo), mal poderia enviar alguma faisca.  O núcleo de nossa Galáxia tem, claro, um brilho (embora a luz normal, aquela que apreciamos por meio de  nossos olhos, fica absorvida pela poeira do caminho) mas nenhum período de 5.125 anos é conhecido.  Diria ainda mais, nenhum ciclo é conhecido. 

O Campo Magnético terrestre também sofre inversões como o solar, mas diferentemente deste, seus ciclos são desconhecidos.  Em qualquier caso, sabemos que aconteceu mitas vezes no passado e que entre cada inversão passam-se centenas de milhares de anos.  Aqui tampouco achamos uma relação com a Contagem Longa maia e seu ciclo de 5.125 anos.  E por último, o eixo terrestre não sofre nenhum desvio súbito. A direção do mesmo vai mudando suavemente dando uma volta inteira em mais ou menos 26.000 anos, este período é conhecido como Precessão dos Equinócios.


Segue dizendo o site das profecias maias:

A primeira profecia nos fala do tempo do não-tempo, um periodo de 20 anos chamados por eles um katún, os últimos 20 anos desse grande ciclo solar de 5.125 anos, quer dizer desde 1992 até o ano 2012. Profetizaram que até esse tempo manchas do vento solar cada vez mais intensas apareceriam no Sol, desde 1992 a humanidade entraria num último período de grandes aprendizados, grandes mudanças.
Neste trecho afirma-se que a atividade solar incrementou-se desde 1992 até agora e que continuará essa tendência.  Para verificar esta afirmação preparei um gráfico.  Foi feito com dados do NOAA, um órgão norte-americano oficial.  Na figura abaixo podem ver o resultado. 

A curva vermelha representa o Índice de Manchas, um número elaborado diariamente que representa a quantidade de manchas na superficie solar (podem achar aqui a fórmula). O valor do índice pode ser lido no eixo vertical (ordenadas) enquanto que no horizontal (abcissas) está o ano.  Aqui estou graficando a média mensal entre finais de 1991 e meados de 2011.  O primeiro que vemos é a variação entre quase 0 e 220, que é produzida pelo Ciclo Solar.   Em 1992 o Sol estava próximo do máximo e chegou a ter um índice de mais de 200. Em 2001 aconteceu o seguinte máximo, mas o índice não chegou no mesmo patamar de 11 anos antes. Mais, durante o mínimo de 2008 chegou a ter um valor de quase 0 (zero) coisa que não aconteceu durante o mínimo anterior em 1996 cujo índice ficou em torno de 10.  O final da curva vermelha é meados de 2011, muito perto do temido 2012.  Embora a atividade solar aumentou, está longe de ser preocupante. Muitos cientistas esperam que este ciclo tenha um máximo de menor intensidade que o anterior. Ou seja, ao contrário do que a primeira profecia maia afirma,  a tendência é uma gradual diminuição da atividade solar.

Em síntese, nem o Sol sincroniza-se com uma inexistente faisca galática, nem a atividade solar está aumentando.  A profecia, vemos, não tem nenhum sustento científico e pelo contrário oferece informações erradas ao leitor.

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